Com programa de incentivo, estado de São Paulo apoiou quase 900 projetos culturais em 2023

Recursos do Programa de Ação Cultural (ProAC) viabilizaram produções culturais e preservação da memória histórica paulista

Entre projetos artísticos e de preservação da memória histórica, o estado de São Paulo investiu em ações culturais no ano passado por meio do ProAC Editais (Programa de Ação Cultural) – mecanismo fiscal que incentiva a produção cultural por meio de patrocínios incentivados e renúncia tributária. Os dados são da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, responsável pela gestão do programa e que informou ter aprovado 870 projetos em 2023 nessa modalidade.

Uma das novidades do ProAC no ano passado foi a abertura de novas linhas de patrocínio a projetos de preservação histórica, como a Salvaguarda de Acervos de Museus. Com isso, a Fundação Energia e Saneamento (instituição que mantém os Museus da Energia) teve seu projeto de tratamento técnico  de documentos cartográficos (mapas e plantas arquitetônicas) históricos do estado de São Paulo contemplado no Edital ProAC 34/2023.

Como explica Andressa Romualdo, coordenadora do Acervo da Fundação Energia e Saneamento, são registros técnicos feitos nos séculos 19 e 20 da iluminação pública de cidades paulistas, projetos originais das primeiras usinas hidrelétricas do Brasil e de prédios famosos, como a planta do Edifício Alexandre Mackenzie – um dos cartões postais da capital paulista e onde funciona, hoje, o Shopping Light.

Os documentos contam a história do desenvolvimento urbano e energético do Estado, mas muitos deles “estão indisponíveis para pesquisa devido à ausência de tratamento técnico adequado”, destaca Andressa. 

O projeto

O projeto da Fundação inclui investimentos em especialistas para tratar e preservar os registros históricos, detalha Andressa. “O objetivo principal é tratar e preservar a documentação cartográfica, além de facilitar o acesso de pesquisadores interessados, viabilizar pesquisas acadêmicas, construção do conhecimento e desenvolvimento das atividades da Fundação e dos Museus de Energia de São Paulo, Itu e Salesópolis.”

Os trabalhos devem ocorrer ao longo de 2024 e a Fundação está prospectando parcerias com instituições de Ensino Superior que tenham interesse na área arquivística. O projeto inclui a realização do inventário e organização dos registros, que serão contabilizados e selecionados para digitalização. “A escolha dos documentos será baseada no estado de conservação e relevância para os pesquisadores, garantindo o acesso a informações essenciais”, reforça Andressa.

O acervo

A Fundação Energia e Saneamento mantém na sua sede em Jundiaí o maior acervo histórico da eletrificação do estado de São Paulo. De acordo com o levantamento atual da instituição, existem mais de 260 mil registros fotográficos, pouco mais de 4 mil objetos museológicos, 50 mil títulos na biblioteca (uma das maiores especializadas em energia do Brasil), documentos cartográficos, audiovisuais, sonoros e coleção de entrevistas de história oral reunidos a partir de meados do século 19.

Além disso, a Fundação atendeu a mais de 7 mil pesquisas nacionais e internacionais nas últimas décadas, que resultaram na publicação de trabalhos de mestrado, doutorado, artigos e livros. A digitalização dos arquivos deve melhorar a qualidade das pesquisas e acessos, segundo Andressa. “O acervo cartográfico é vasto e possui diversos documentos referentes à construção do setor elétrico. Ele pode contribuir não apenas no planejamento, mas na execução do futuro da energia e do saneamento a partir da construção do conhecimento que estes itens podem oferecer.”