BOLETIM – NOVEMBRO 2014

Memória

A Legião Negra na Revolução Constitucionalista

No dia 13 de agosto de 1932, em plena Revolução Constitucionalista, o então governador do Estado de São Paulo, Pedro de Toledo, visitou a sede da Legião Negra, localizada na Chácara do Carvalho, na Barra Funda. O quartel na região central da Capital reunia um batalhão formado apenas por negros e a ida de Toledo, chefe civil dos revoltosos, demonstrava a importância e a participação ativa que a Legião teve na Revolução de 1932. Em celebração ao Mês da Consciência Negra, a Fundação Energia e Saneamento apresenta imagens de seu acervo que registram este e outros episódios da guerra civil e que salientam a presença do negro no evento e elementos simbólicos que contribuíram para a formação da identidade paulista.

O governador de São Paulo e chefe civil dos constitucionalistas, Pedro de Toledo, passa em revista as tropas da Legião Negra
na Chácara do Carvalho. 1932

Os “Pérolas Negras”

Fundada em 1931, na Capital, a Frente Negra Brasileira (FNB) foi uma das entidades mais representativas do movimento negro no período e, com o estopim da Revolução Constitucionalista, optou pela neutralidade. Uma dissidência da FNB, a Legião Negra (LN) foi criada em 15 de julho, seis dias após o início do conflito, pelo advogado baiano Joaquim Guaraná Santana. Treinada militarmente pelo capitão Gastão Goulart, estima-se que a LN chegou a enviar cerca de 2 mil homens à guerra.

Algumas de suas unidades eram nomeadas em alusão a personagens de destaque da comunidade negra, como Henrique Dias e o Conselheiro Rebouças. Fato curioso é a participação de negras na guerra; além de enfermeiras, há o relato da presença de cinco mulheres entre as companhias de fuzileiros da Legião, entre elas a “Maria Soldado”, que se tornaria um dos símbolos da luta constitucionalista.

Além dos batalhões da LN, vários membros da Frente Negra Brasileira no interior do Estado se alistaram como voluntários em diversas unidades formadas pelas cidades paulistas. Entre os cerca de 40 mil soldados revoltosos, estima-se que um quarto do exército constitucionalista era formado por negros. Apesar de registrada nos jornais da época como brava e heroica, nem só de glórias viveu a Legião Negra: o historiador Petrônio José Domingues aponta evidências de que seus batalhões foram enviados, em diversas ocasiões, como linha de frente nos conflitos, o que levanta uma discussão sobre a real incorporação do negro no ideário constitucionalista e, mais a fundo, em uma sociedade que ainda convivia com movimentos comumente aceitos como o eugenista. Ao final da guerra, dos 26 constitucionalistas negros mortos, quatro pertenciam à Legião Negra.

Para saber mais, leia o artigo “Os ‘Pérolas Negras’: a participação do negro na revolução constitucionalista de 1932”, de Petrônio José Domingues.
 


“Na saída, foi o Sr. Pedro de Toledo saudado, em palavras vibrantes, pelo tenente Guaraná de Sant’Anna. O governador do Estado respondeu agradecendo,
e salientando o papel da raça negra no movimento que empolga todos
os patriotas brasileiros”.

Jornal A Gazeta, São Paulo, 14/8/1932


Pedro de Toledo posa ao lado dos oficiais e soldados da Legião Negra nas escadarias do palacete da Chácara do Carvalho, na Alameda Barão de Limeira,
na Barra Funda. 1932
Soldados da Legião Negra em formação na Chácara do Carvalho
A Legião Negra contou também com um destacamento de índios. A presença
de voluntários indígenas era uma forma do movimento demonstrar sua
integração nacional
O palacete da Chácara do Carvalho em 1901: antes de ser ocupado pela LN em 1932, o casarão pertenceu a Antônio Silva Prado (1840-1929), prefeito da Capital entre 1899 e 1910
Embarque de voluntários (recorte). Vários membros da Frente Negra Brasileira
no interior do Estado se alistaram em diversas unidades formadas pelas cidades paulistas. 1932
Filho de uma lavadeira negra e um comerciante alemão, o futebolista Arthur Friedenreich (da esquerda para a direita, o primeiro da segunda fileira) alistou-se
no Batalhão Esportista. 1932
Nota sobre a Legião Negra no Jornal das Trincheiras, órgão oficial da Revolução Constitucionalista. 15/9/1932


Rede Museu da Energia

Museu da Energia de Itu celebra aniversário de 15 anos com exposição inédita

No segundo domingo de dezembro, dia 14, o Museu da Energia de Itu celebra seus 15 anos com a inauguração da exposição “Os ituanos e a chegada da luz”. A nova mostra apresentará o processo de implantação da iluminação pública na cidade sob uma ótica diferente, revelando qual foi a impressão dos próprios cidadãos de Itu com a chegada da luz, a partir de registro em crônicas e notícias nos extintos jornais locais do início do século passado.

Com base no acervo da Fundação Energia e Saneamento e do Museu Republicano Convenção de Itu, a exposição trará mapas, jornais, fotografias e até uma área cenográfica reproduzindo a antiga agência de atendimento da São Paulo Tramway Light and Power Co., estabelecida em Itu, em 1927, no sobrado do Museu da Energia.

O público também poderá fazer uma viagem ao passado conhecendo a figura do “homem vagalume”, responsável por acender os lampiões públicos a querosene; o ambiente das festas de interior iluminadas por mortiças e candeias; a primeira tentativa de iluminação elétrica em Itu feita pelos irmãos Valentini em 1904; entre outras curiosidades. Instalada no piso térreo do Museu da Energia e com entrada gratuita, a exposição seguirá aberta por tempo indeterminado.

Antiga Rua do Carmo, atual Rua Barão de Itaim, no início do século 20, quando ainda contava com postes de iluminação a querosene

Espaço das Águas

Memória do Saneamento – o aproveitamento múltiplo das águas do Alto Tietê

Importante sistema de abastecimento de água da Grande São Paulo, o Alto Tietê foi concebido de forma diferenciada. Um dos mananciais mais novos da Região Metropolitana, tendo sua primeira etapa inaugurada em 1992, o sistema foi projetado para o aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos, com ênfase no controle de enchentes, irrigação, diluição de esgotos, lazer e, principalmente, no abastecimento público.

Responsável por destinar água a 3,1 milhões de pessoas da Zona Leste da Capital, além de atender os municípios de Arujá, Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos e Suzano, o Alto Tietê é formado pelas águas de cabeceira deste rio, entre as cidades de Suzano e Salesópolis. O manancial reúne diversas barragens de regularização que abrangem, além do Tietê, os rios Paraitinga, Biritiba, Jundiaí, Taiaçupeba-Mirim e Taiaçupeba-Açu.

O início das obras da Estação de Tratamento de Águas Taiaçupeba, a primeira do sistema, se deu em 1988, sendo concluída em março de 1992. Além de resolver o grave déficit de abastecimento da região leste de São Paulo, que entre as décadas de 1980 e 1990 sofria com o rodízio de água, o manancial também permitiu auxiliar na irrigação do cinturão verde da Região Metropolitana de São Paulo.

Interior da Galeria de Tubulações dos Filtros da ETA Taiaçupeba. Foto de Odair Faria. Acervo Memória Sabesp
Vista das obras de construção da ETA Taiaçupeba. 1988. Foto de Odair Faria. Acervo Memória Sabesp

Notícias

Ecoturismo Caminhos do Mar inaugura novo centro de apoio ao visitante

Como forma de proporcionar maior conforto e comodidade ao público, o Parque Caminhos do Mar, gerenciado pela Fundação Energia e Saneamento, acaba de inaugurar um novo Centro de Apoio ao Visitante. O espaço, localizado na área de estacionamento do equipamento turístico, em São Bernardo do Campo, consiste em uma casa pré-fabricada, em sistema de construção mista (madeira e alvenaria), e que conta com uma estrutura de sanitários, bebedouro, sala de monitores, varanda e espaço para a instalação da sede administrativa.

Para conhecer o Parque Caminhos do Mar é necessário agendar visitas pelo telefone (013) 3372-3307 ou pelo e-mail caminhosdomar@caminhosdomar.org.br. O Parque fica aberto de terça a domingo, das 9 às 16 horas e conta com monitores para acompanhar os visitantes no percurso. Informações: www.caminhosdomar.org.br.

Parque Caminhos do Mar passa a recepcionar público no novo Centro
de Apoio ao Visitante
Museu da Energia de Itu realizará diversas ações educativas
em seu mês de aniversário. Foto de Caio Mattos

Programação de férias agita Rede Museu da Energia

Durante o mês de dezembro, início das férias escolares, a Rede Museu da Energia promove uma série de atividades voltadas ao público infantil. As unidades de Itu, São Paulo e Salesópolis realizarão uma programação especial que inclui ações educativas, brincadeiras e oficinas de experimentos.

Em virtude das comemorações do aniversário de 15 anos do Museu da Energia de Itu, a unidade preparou diversas ações educativas, entre elas “Objetos que contam a história” e “Jogos do século 19”, além de uma oficina de experimentos voltada a fontes de energia alternativas.

No Museu da Energia de São Paulo, com o auxílio de monitores, a criançada poderá aprender a produzir a sua própria lâmpada caseira, confeccionada a partir de materiais recicláveis. A atividade acontece no dia 6 de dezembro.

Na unidade de Salesópolis, quem percorrer o roteiro que apresenta o funcionamento da centenária Usina Hidrelétrica da cidade poderá participar, ao final do passeio, de diversos jogos e brincadeiras realizados ao ar livre e que incluem o sorteio de brindes. A ação ocorre de 2 a 21 de dezembro.

Informações: www.energiaesaneamento.org.br.


Museu da Energia de Itu realiza 4ª Feira “Arte no Beco”

Mais de 500 pessoas prestigiaram a quarta e última edição do ano da feira cultural “Arte no Beco”, realizada no dia 16 de novembro no “becão” do centro histórico de Itu, ao lado do Museu da Energia. O evento reuniu mais de 50 atrações artísticas no local, como dança, música, fotografia, exposições, cinema, grafite, gastronomia e teatro.

O projeto tem como objetivo sensibilizar o público sobre a importância do “Beco” e da necessidade de seu uso e preservação e é uma realização da produtora Motirõ Cultural, com apoio do Museu da Energia.

Fotos: Divulgação

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