BOLETIM – OUTUBRO 2014
Memória
Rio Pinheiros em fotos – a história do antigo Jeribatiba
Rios sempre foram um ponto de referência para o estabelecimento de povoamentos desde as primeiras civilizações. E em São Paulo, essa prática não foi diferente: a cidade surgiu e expandiu-se ao redor e, muitas vezes, sobre os seus rios. Para contar a história da Capital, é preciso conhecer como se deu a relação da cidade com o ribeirão Anhangabaú e os rios Tamanduateí e Tietê, por exemplo. Outro importante rio paulistano, o Pinheiros tem ganhado destaque na mídia com as obras do artista plástico Eduardo Srur, que objetivam tirar o curso da invisibilidade e conscientizar a população sobre a importância de sua recuperação. Mas nem só de intervenções artísticas viveu o Pinheiros: conheça, abaixo, um pouco da história do antigo “Jeribatiba”, que chegou a ter o curso de suas águas revertido para a geração de energia.
A Terra das Palmeiras Jerivás
Antes chamado de “Jeribatiba” ou “Jurubatuba” (em tupi-guarani, “lugar onde há muitas palmeiras jerivás”), o rio mudaria de nome com a criação, em sua margem direita, do aldeamento indígena Pinheiros, organizado pelos jesuítas quatro anos antes da fundação da vila de São Paulo de Piratininga (1560). Pioneiro, o agrupamento de índios localizava-se em uma região rica em árvores araucárias, chamadas popularmente de pinheiros-do-paraná. Rio de planície, o Pinheiros possuía grande sinuosidade e navegabilidade, sendo usado para o transporte de cargas. Ao longo dos séculos, em suas margens surgiriam sítios, fazendas, pontes e moinhos. Mas o seu entorno só abandonaria o caráter rural já no século 20, com a retificação.
Projeto da Serra
Em 1907, aconteceria a primeira grande obra na bacia do Rio Pinheiros: a construção da Represa Guarapiranga, com o objetivo de aumentar a vazão do Tietê e, por consequência, a capacidade de geração de energia da Usina de Parnaíba, responsável por abastecer a Capital com eletricidade. No entanto, a Light, empresa concessionária de energia à época, se veria às voltas com falhas na distribuição, em parte ocasionadas pelo aumento da demanda, com o crescimento da população, e do período de seca que seria registrado em São Paulo a partir de 1924.
Assim, em 1926 seria elaborado o Projeto da Serra, que previa a construção de uma barragem e usina hidrelétrica em Cubatão, ligadas de forma artificial ao Rio Tietê. E esta união só seria possível pelo “corredor” do Rio Pinheiros, que sofreria obras de canalização, retificação e recalque, alterando de forma permanente a sua paisagem natural. Executado entre 1937 e 1958, o empreendimento também incluiria a construção da Usina de Traição, capacitada para reverter o curso dos rios Tietê e Pinheiros e levar suas águas até o Reservatório Billings-Rio das Pedras, na encosta da Serra do Mar, para posterior geração de energia hidrelétrica na Usina de Cubatão, que em 1964 passaria a ser chamada de Usina Henry Borden.
Realizadas em torno de grande especulação imobiliária, as obras no Rio Pinheiros transformariam a região e trariam fôlego à expansão urbana da nascente metrópole. Sua retificação e canalização abriria espaço para a inauguração, na década de 1950, de um novo ramal da Estrada de Ferro Sorocabana; já em 1970, surgiriam as avenidas marginais. As intervenções do passado no Rio Pinheiros, hoje isolado e poluído, demonstram como a Capital precisa repensar sua relação com os rios, e trazê-los de volta ao cotidiano de seus moradores.
Nestas imagens da mesma região do Morumbi, de 1949 (foto 1) e 1956 (foto 2), já é possível observar a transformação da paisagem, com o rio retificado
e suas margens ocupadas. À margem esquerda do rio, o Jockey Clube, inaugurado em 1941
Rede Museu da Energia
Exposição fotográfica
revela universo particular
dos paulistanos
“O que as pessoas observam em uma cidade que não para?”. É com esta provocação que o Museu da Energia recebe, a partir do dia 25 de outubro, a exposição fotográfica “Utopias: a cidade que eu quero ver”.
Idealizada pela VIA CULTURAL – Instituto de Pesquisa e Ação pela Cultura, a mostra reúne 40 fotografias que revelam universos particulares de São Paulo registrados pelos próprios moradores da Capital, inspirados pela ideia de utopia e da ressignificação da cidade e seus espaços.
A seleção de imagens que compõem a exposição foi realizada a partir de um concurso cultural promovido nas redes sociais, convidando os paulistanos a pensarem na Cidade sob um olhar poético e marcarem suas imagens com a hashtag #utopiasp. A ideia foi de reunir visões múltiplas e cartográficas de São Paulo, apresentando o cotidiano da população por meio de fotos que capturem momentos inspiradores.
Instalada na área externa do Museu da Energia de São Paulo, “Utopias: a cidade que eu quero ver” seguirá aberta até o dia 29 de novembro, de terça a sábado, das 10 às 17 horas.
Espaço das Águas
Fundação Energia
e Saneamento participa
do Festival Brooklinfest
No último sábado (18) e domingo (19), aconteceu a 20ª edição do Brooklinfest, festival de rua realizado no quadrilátero das Ruas Joaquim Nabuco, Barão do Triunfo, Princesa Isabel e Bernardino de Campos, no bairro do Brooklin, na Capital. Nos dois dias, a Fundação Energia e Saneamento promoveu no local uma tarde de autógrafos com Ricardo Araujo e Mariângela Solia, autores do livro “Guarapiranga 100 Anos”, publicação recém-lançada pela instituição. A mostra itinerante “Guarapiranga: uma represa centenária” também foi exposta no evento.
Organizado pela AEMB – Associação dos Empreendedores e Moradores do Brooklin, o festival reúne mais de 200 atrações entre música, dança, teatro, circo, artesanato e gastronomia de diversas partes do Estado de São Paulo, além de exposições e exibição de filmes ao ar livre. O evento buscou como referência os festivais de rua realizados na Alemanha, como o Oktoberfest e as quermesses locais, tendo como proposta a convivência com a arte na construção da cidadania.
Notícias
Museu da Energia de Salesópolis celebra mês da criança com atividades socioambientais
Para celebrar o Dia das Crianças, o Museu da Energia de Salesópolis realiza, até o dia 31 de outubro, a atividade “Jogo da Água”. A ação educativa, voltada ao público infantil, será realizada ao final das visitas monitoradas ao Museu, que abriga uma das usinas hidrelétricas mais antigas do Rio Tietê.
No período, após a realização dos roteiros, os visitantes serão divididos em grupos e participarão de um quiz a respeito dos conteúdos abordados no passeio, que exploram as temáticas de rios, bacias hidrográficas, enchentes, afluentes e estiagem. “A ação tem como objetivo promover atividades extraclasses visando dar oportunidades de lazer, sociabilidade educativa e consciência ambiental às crianças”, explica o educador Fernando Maia.
Campanha nas redes sociais celebra 15 anos do Museu da Energia de Itu
No dia 14 de dezembro, o Museu da Energia de Itu completa 15 anos. Para celebrar o aniversário de sua unidade museológica mais antiga, a Fundação Energia e Saneamento promove, na página do facebook da Rede Museu da Energia, a campanha “Memórias no Museu”, convidando o público que visitou a unidade a postar nas redes sociais, com a hashtag #museuenergiaitu, fotos e depoimentos sobre sua passagem pelo espaço nesses 15 anos de funcionamento.
Durante o mês de aniversário, o Museu promoverá diversas ações educativas especiais, além de inaugurar a exposição inédita “A iluminação pública segundo os ituanos”, que apresentará o processo de implantação e inauguração da iluminação pública em Itu sob a perspectiva das notícias veiculadas nos extintos jornais locais “República” e “Cidade de Ytu”, que circulavam no período, além da obra do jornalista e historiador ituano Francisco Nardy Filho, publicada nas primeiras décadas do século 20.
ERRAMOS: Na edição anterior deste boletim, na seção “Memória”, foi publicada, erroneamente, uma imagem que seria da Usina Nova Avanhandava, no Rio Tietê. Trata-se, na verdade, de uma imagem da UHE Euclides da Cunha, no Rio Pardo. A imagem correta da UH Nova Avanhandava pode ser conferida aqui.
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