BOLETIM – JUNHO 2013

Memória

Os bondes da Light e o início do transporte coletivo na cidade
de São Paulo

Em função da abolição da escravatura e do surgimento de novas atividades econômicas, como o setor imobiliário, durante a última década do século XIX a Capital viu nascer os bairros de Campos Elíseos, Higienópolis e a Avenida Paulista, entre outros. Com a ampliação da área urbana, surgiu a demanda por serviços de infraestrutura como energia, saneamento e transportes. Atentos a essa realidade, os canadenses da Light chegaram à cidade em 1899, e no ano seguinte começaram a implantar a rede de bondes elétricos. Os recursos para essa empreitada vieram de capitalistas que até então haviam investido nas ações das companhias de estradas de ferro, construídas para possibilitar o transporte do café do interior ao porto de Santos.


Obra para implantação de linha na Rua Sebastião Pereira, abril de 1932. Além dos bondes de passageiros,
a Light oferecia veículos especiais para casamentos, funerais e festividades municipais



Bonde elétrico no dia de inauguração da linha Bom Retiro, em 12 de maio
de 1900. De chapéu claro, junto aos comandos do veículo, o engenheiro−chefe
da Light em São Paulo, Robert C. Brown (1857−1937)

Por onde as linhas de bonde passavam, a valorização dos terrenos em seu entorno era certa. A companhia canadense mantinha relação estreita com a Cia. City, responsável por loteamentos como o atual bairro dos Jardins. Além disso, a empresa estendia suas linhas na direção dos novos extremos da cidade, permitindo−lhe cobrar passagens acumulativas em função da divisão tarifária por zonas.

Antes da chegada da Light em 1900, São Paulo já possuía serviço de transporte coletivo. Desde 1870, algumas empresas percorriam as principais ruas da cidade com bondes movidos à tração animal. Em 1899, estas transportadoras se fundiram para formar a Companhia Viação Paulista, que se tornaria a principal concorrente da Light. As primeiras linhas de bonde elétrico estabeleceram−se em áreas já ocupadas pela Viação, o que gerava brigas de rua entre assentadores de trilhos da Light e funcionários da Paulista. Após diversas negociações e manobras, em 1901 a empresa canadense obteve a concessão da Companhia Viação Paulista.


Garagem de carros na Alameda Glete. Posam para a imagem alguns
funcionários, dentre eles o maquinista do bonde elétrico. Julho de 1916
Charge da Folha da Noite, de maio de 1933, revelando o problema
da superlotação dos bondes

Com tarifas superiores a Berlim e Buenos Aires, o transporte da Light sofria críticas. Em 1909, a companhia passa a incluir, em definitivo, os bondes operários, que custavam 100 réis, metade da tarifa regular. Mais tarde, na década de 1920, o bonde já se torna o principal meio de transporte da cidade, mas o número de passageiros não se equipara ao número de carros oferecidos. Com a superlotação, ônibus são inseridos na malha urbana da Capital e impõem concorrência à Light; no mesmo período, a companhia coloca em circulação os chamados “camarões”, bondes fechados que se tornam sucesso imediato. A partir dos anos 1930, a conjuntura política passa a beneficiar o investimento no transporte individual, levando a Light a se desinteressar pelo setor de transportes. A trajetória dos bondes da Light em São Paulo termina em 1947, quando o serviço de viação urbana é assumido pela Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC).


Na década de 20, a Light tentou emplacar seu Plano Integrado de Transportes, que incluía o chamado “Metrô da Light”, com três linhas
duplas de alta velocidade. A iniciativa não se concretizou por falta de apoio político. O desenho mostra o projeto da linha subterrânea no Largo São Bento


Rede Museu da Energia

Os 100 anos da
Usina de Salesópolis

No início do século XX, Mogi das Cruzes buscava, como as demais cidades do interior paulista, obter iluminação pública por eletricidade. E foi assim que, há 100 anos, entrava em funcionamento pela primeira vez a Pequena Central Hidrelétrica de Salesópolis. Localizada em um vale formado por dois espigões da Serra do Mar, bem próxima à nascente do rio Tietê, a usina começou a ser construída na área da Cachoeira dos Freire em 1911. De início, só transmitia energia para Mogi, passando a oferecer o serviço às cidades de Caçapava, Jambeiro, Santa Branca e à própria Salesópolis em 1914. A PCH funcionou normalmente até 1929, ano em que fortes chuvas causaram o rompimento de sua barragem e o desmoronamento de taludes. A usina voltou a funcionar em 1935, mas nos anos 40 começou a enfrentar alguns problemas com a alteração da frequência de sua corrente. A partir das décadas de 1960 e 1970, relatórios apontaram a baixa produtividade da unidade, que acabou sendo desativada pela Eletropaulo em 1988. Vinte anos mais tarde, a usina foi doada à Fundação Energia e Saneamento, que realizou a restauração do espaço museológico e o processo de reabilitação da Usina. Finalmente, em 2008, o Museu da Energia de Salesópolis foi inaugurado e a Usina foi novamente posta em operação.

Museu da Energia de Salesópolis/ Usina. O parque que compõe
a unidade estende−se por 156 hectares de Mata Atlântica. Foto de Caio Mattos
Vista geral da Usina de Salesópolis em 1939. A unidade é formada por uma vila residencial e uma casa de máquinas

Casa das Máquinas e ao fundo a Cachoeira dos Freire,
antes da restauração realizada pela Fundação Energia e Saneamento,
julho de 1999. Acima, foto de Edméa F. Mateus

Espaço das águas

Jundiaí inaugura Espaço
das águas em julho

No início de julho será aberto o Espaço das águas no Museu da Energia de Jundiaí, projeto que tem por objetivo debater questões ligadas à gestão dos recursos hídricos e à responsabilidade socioambiental, além de fomentar a memória do saneamento. A exposição inaugural do Espaço simulará o traçado de um rio e será dividida em quatro ambientes temáticos: “Poluição da água e resíduos sólidos”, “Estação de Tratamento de água (ETA)”, “A Serra do Japi e as águas de Jundiaí” e “água: bem estar e saúde”. O projeto conta com patrocínio da Fundação Antonio−Antonieta Cintra Gordinho (FAACG).

Notícias

Equipe do NDP trabalha no
Arquivo Geral da Sabesp

A equipe do Núcleo de Documentação e Pesquisa (NDP) da Fundação Energia e Saneamento, responsável pelo trabalho de pesquisa, organização e mapeamento do projeto Memória Sabesp, vem selecionando alguns documentos de grande valor histórico no Arquivo Geral da companhia de saneamento. Um dos achados é uma cópia de ofício assinada por Saturnino de Brito em 1898, que trata da instalação de um serviço de esgoto no Largo da Misericórdia, no centro da Capital. Saturnino é considerado figura pioneira na engenharia sanitária e ambiental no Brasil. O Arquivo Geral da Sabesp reúne documentos administrativos e técnicos das atividades da empresa em São Paulo, em especial das décadas de 1950 a 1970. O trabalho de seleção é focado nos documentos que representam ações marcantes para a memória do saneamento e da Sabesp, como a construção dos grandes sistemas de tratamento e abastecimento.

Rede Museu da Energia
oferece programação especial
de férias

O público infanto−juvenil que visitar a Rede Museu da Energia durante o recesso escolar de julho poderá conferir novos roteiros, oficinas, jogos, experimentos, entre outras atividades especialmente elaboradas para o período. Em Jundiaí, um dos destaques é a oficina de fotografia voltada a crianças de 6 a 12 anos de idade. Na unidade de Salesópolis, os visitantes participarão de novas dinâmicas aplicadas nos roteiros de visita. O Museu da Energia de São Paulo oferecerá diversos experimentos e oficinas e em Itu será realizado o projeto “Museu na Cidade das Crianças”. No Museu de Rio Claro, o público poderá percorrer o novo circuito “Educação Ambiental”. Confira a programação completa no site da Fundação Energia e Saneamento.

Museu da Energia de Rio Claro marca presença na Facirc

Pela primeira vez, o Museu da Energia participará da Feira Anual do Comércio e Indústria de Rio Claro (Facirc), a ser realizada entre os dias 18 e 21 de julho nas Faculdades Claretianas da cidade. O evento é considerado a maior feira de negócios da região e neste ano terá como tema a gestão empresarial. O Museu estará com um estande no evento, trazendo alguns experimentos e panfletos, além de publicações da Fundação Energia e Saneamento. A 16ª Facirc apresentará cerca de 100 expositores e espera receber um público de 30 mil pessoas.

Corpo Editorial:   Carolina Campos, Isabel Felix, Maíra Scarello, Mariana de Andrade,
Mariana Rolim, Miguel Zioli e Raquel Lucat
Webdesign: Fernando de Sousa Lima
Copyright © 2013 Fundação Energia e Saneamento. Todos os direitos reservados.
As imagens sem identificação pertencem ao acervo da Fundação Energia e Saneamento.

Política Anti−SPAM: Em respeito a você, caso não queira mais receber nossas Mensagens
Eletrônicas clique aqui  e envie um e−mail com a palavra REMOVER.

Contato: imprensa@energiaesaneamento.org.br


Rede Museu da Energia
Espaço das águas