PROJETO “FAZENDO A DIFERENÇA” ENCERRA 2022 COM BALANÇO POSITIVO

Áreas vazias e sem uso foram transformadas em espaço de lazer e convivência nas cidades paulistas de Ilha Solteira e Rosana, na 3ª edição do projeto “Fazendo a Diferença”, promovida pela Fundação Energia e Saneamento com patrocínio da CTG Brasil. A ação educativa de mobilização e transformação ambiental leva conhecimentos teóricos e práticos, através de oficinas virtuais e presenciais, sobre questões como uso e reuso de recursos, tratamento de resíduos e consumo consciente.

Na cidade de Ilha Solteira foram realizadas oficinas sobre sistema de captação, armazenamento e uso de água da chuva; sobre bioconstrução com o método superadobe; sobre jardins aromáticos, medicinais e sensoriais. No assentamento Porto Maria, em Rosana, aconteceram as oficinas de sistema de tratamento de águas residuais (água cinza) através de jardim filtrante e de bioconstrução com superadobe.

O superadobe, também chamado de terra ensacada, é uma técnica de construção simples, barata e econômica, que utiliza solo argiloso em sacos plásticos de polipropileno e permite construir formas para usos diferenciados, como bancos, escadas e até paredes.

As oficinas teóricas reuniram 90 participantes nas duas cidades e as atividades práticas contaram com 63 pessoas. O coordenador da iniciativa, Rafael Ferreira, explicou que as atividades eram abertas a qualquer interessado, sem restrições de público, mas o perfil dos participantes ficou concentrado em estudantes do ensino fundamental e médio. Em Ilha Solteira participaram também alunos de curso superior e em Rosana, agricultoras e agricultores do assentamento.

Teoria e prática

Ferreira comentou que as oficinas teóricas abordaram temas como questões ambientais, ocupação de espaço, uso da água, produção de alimentos, produção e consumo consciente. As atividades práticas mostraram como é possível, com poucos recursos ou em sistema de mutirão, resolver questões como tratamento da água de pias, banheiros e chuveiros; trabalhar com sistema de captação de água de chuva; e utilizar a técnica de construção superadobe, de baixo custo.

“O projeto busca capacitar as pessoas para transformar espaços, transformar problema em solução”, comentou o coordenador. Ele explicou que o grupo utilizou o espaço ocioso dentro de uma escola de Ilha Solteira, que foi transformado, junto com a comunidade participante, em área de lazer, convivência e espaço de leitura, o Jardim Sensorial. “Construímos um sistema de captação de chuva para regar os jardins em Ilha Solteira”, disse.

No assentamento Porto Maria, a água que era descartada passou a ser usada para regar o jardim construído em um espaço vazio e sem uso de uma pousada e restaurante rural, que se tornou área de estar e de lazer, o Jardim Star. “Em Rosana, os moradores achavam que não ia dar certo e deu. Um espaço vazio, virou uma área a mais de lazer nesse restaurante rural do assentamento”, afirmou o coordenador.

De acordo com Ferreira, o projeto foi tão positivo que as atividades de melhorias na escola continuaram. “Com uma grande adesão, a comunidade prosseguiu com pinturas, manutenções e até intervenções artísticas com apoio dos professores. Os alunos abraçaram o local. Maravilhoso o trabalho que fizeram na escola. Foi um grande resultado”, disse.

Legado positivo

O maior legado do Fazendo a Diferença, segundo o coordenador, é deixar conhecimento e capacidade de realizar nas comunidades para estimular a sensação de pertencimento. “As pessoas podem fazer a diferença e melhorar as condições sociais do local onde vivem com autonomia. São responsáveis pela própria existência e podem causar impacto positivo na comunidade”, afirmou.

Ao final das oficinas, foi aplicada uma pesquisa de feedback, que revelou os resultados positivos. Dos participantes que responderam às perguntas, 94% se disseram prontos para intervir positivamente no meio em que vivem e transmitir o aprendizado para outras pessoas.  

Estudante do último semestre de Licenciatura História, Nayara Leão Oliveira, assentada no assentamento Porto Maria, disse que o projeto Fazendo a Diferença veio em um momento muito importante para o projeto da pousada, que pretende atrair mais turistas. “Já nos encontramos no meio da natureza e já oferecemos para o turista esse contato com a natureza. Agora nós também mostramos que contribuímos com ela devolvendo a água mais limpa sem resíduos”, afirmou.

Nayara comentou que o Fazendo a Diferença foi um marco para ela, a comunidade e todos que se envolveram nas atividades. “Tivemos um grande aprendizado e vontade de aplicar o que aprendemos em nossas casas com o despertar desse respeito pelo que a natureza oferece. Podemos contribuir com pequenos cuidados e muito mais”, alegou.

Marlei Masson Martins, professora de arte e arteterapeuta da escola Arno Hausser, em Ilha Solteira, comemorou que o projeto Fazendo a Diferença trouxe inovações, tanto no paisagismo da escola, quanto nos aspectos de sentir e experienciar o novo espaço. Segundo ela, a atividade impulsionou outras ações, resultando em replicabilidade e novas ideias. A professora disse que um dos alunos destacou a experiência como “única, a escola fica mais bonita e é um ótimo espaço para estar”.

O Jardim dos Sentidos incentivou os estudantes a se sentirem pertencentes ao ambiente, principalmente no cuidado com o local, alegou Marlei. “Fez a diferença no dia a dia da escola e da comunidade, uma vez que o espaço é visto ou frequentado por aproximadamente 700 estudantes, funcionários e visitantes que passeiam, caminham, cuidam ou utilizam o espaço para relaxamento, leitura e reflexões do cotidiano, além de estar em contato com a natureza”, afirmou.

Outras edições

A cada edição do projeto Fazendo a Diferença são escolhidos diferentes municípios para que a sustentabilidade seja disseminada através do aprendizado e de oficinas práticas. A 1ª experiência foi realizada em 2020, com encontros virtuais e beneficiados nas cidades de Chavantes (SP), Ribeirão Claro (PR) e Carlópolis (PR). A 2ª edição, em 2022, aconteceu na capital paulista, em Mirante de Paranapanema, no interior de São Paulo, e em Itaguajé, no Paraná.

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